Conferência discute estratégias para combater a desinformação

A segunda edição da Conferência Livre: Ciência pela Integridade da Informação ocorreu entre os dias 6 e 7 de maio. O evento discutiu estratégias para combater a desinformação e reuniu gestores públicos e pesquisadores. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) participou do encontro como correalizador e, também, promovendo debates relacionados ao tema.

A conferência é organizada pelo Poliedro, uma rede estratégica formada pelo Ipea, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A realização teve o apoio da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O Poliedro tem como objetivo enfrentar a desinformação e apoiar projetos, formar pesquisadores e engajar a sociedade no combate às fake news, discurso de ódio e outras formas de manipulação digital, tudo isso com base em evidências científicas. A parceria entre as organizações foi formalizada durante o evento paralelo do G20 “Integridade da Informação e Confiança no Ambiente Digital” em 2024. 
 

Diálogo para enfrentar a desinformação

Durante a abertura da conferência, Luciana Servo, presidenta do Ipea, apontou para a recuperação da confiança no Estado e nas políticas públicas. “Essa rede precisa ganhar força”, disse. “Nós sempre trabalhamos para ser uma instituição que informa as políticas públicas com evidências, e de repente nos vimos num processo de desinformação. Precisamos entender quais mecanismos usar para combater, e não vamos fazer isso sozinhos. Precisamos estabelecer diálogos.”

A presidenta destacou um projeto recentemente montado pelo Ipea para mapear os tipos predominantes de desinformação, entender e analisar o papel de instituições públicas nesse processo, desenvolver um modelo metodológico que possa incorporar estratégias de mitigação, e trabalhar a capacitação de agentes públicos. “Projeto muito potente”, afirmou.

A necessidade de diálogo também foi destacada pela presidenta da Capes, Denise Pires. “Temos o desafio de enfrentar esse problema a partir de um diálogo inclusivo. Qual é o melhor remédio?” perguntou. “Educação de qualidade e ciência acima de qualquer ideologia.”

Para Thiago Braga, diretor do Ibict, as iniciativas do Poliedro sinalizam que as instituições estão dispostas a buscar um mecanismo para garantir a integridade da informação. “Essas cinco instituições têm esse papel de oferecer uma estrutura capaz de trazer resiliência para os pesquisadores, permitir que a ciência continue avançando”, argumentou. 

O tema continuou a ser assunto em outro painel, "Desinformação e seus impactos na ciência, na gestão pública e nas políticas públicas: desafios para a democracia e a governança no Século XXI". Para Luseni Aquino, diretora de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, a discussão sobre desinformação realmente deve passar sobre a crise de confiança nas instituições. “É uma discussão sobre baixa adesão a políticas baseadas em evidências, num contexto de descredibilização das instituições e a produção de divisões sociais que acabam minando a coesão necessária para ação coletiva”, disse. 

Ela acrescentou que um dos impactos é a exigência de redirecionamento dos recursos públicos para o seu enfrentamento. Para uma das debatedoras, Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e assessora especial da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Estado deve liderar o combate à desinformação.

“Temos que discutir de uma maneira mais aprofundada que tipo de regulação nós queremos desenvolver para reduzir o papel dessas plataformas na disseminação dos conteúdos desinformativos”, afirmou. “Não podemos transferir para as plataformas privadas responsabilidades que são do Estado brasileiro.”
 

Papel da Inteligência Artificial

Dora Kaufman, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), foi a convidada para uma conferência sobre “Inteligência artificial no combate à desinformação”. Para ela, não existe desenvolvimento futuro sem passar pela IA, e o Brasil não tem uma estratégia para se posicionar nesse novo ecossistema. 

“O impacto da inteligência artificial na democracia assume papel ambivalente: potencializa processos participativos, aproxima cidadãos e governantes”, disse. “Mas facilita a disseminação de desinformação, amplifica polarizações e intensifica a vigilância massiva.” 

Kaufman falou sobre o uso massivo de IA nas eleições indianas de 2024, com ligações telefônicas falsas e personalizadas com candidatos e o uso de imagem de políticos mortos para apoiar campanhas. Esse pode ser um dos elementos da eleição de 2026 no Brasil.

“O que imagino que seja efetivo para enfrentar?”, questionou. “Alfabetização das pessoas em relação à IA. Tudo está acontecendo muito rápido, esse é o desafio. Todo tempo tem uma novidade.”


Fonte: ipea.gov

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